Para quem sonha em trabalhar com arte na indústria de jogos
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“Este é um negócio honesto. Não existe indicação, não existe idade. É mais o quão bom é o seu trabalho e o quanto você está dedicado para desenvolver sua carreira nesta área”.

– Mike Azevedo, Concept Artist / Ilustrador

Mike Azevedo
O entrevistado desta semana é um dos ilustradores brasileiros de maior destaque na indústria de jogos atualmente. Mike Azevedo já trabalhou para empresas como Blizzard, Swordtales, Guerrilla Games e Riot, criando ilustrações para jogos como Hearthstone, League of Legends, Horizon: Zero Dawn e Toren.
Você pode assistir a entrevista online que eu fiz com o Mike no vídeo acima, ou ler toda a entrevista transcrita abaixo. Aproveite para conhecer mais sobre o trabalho do artista em seu Portfólio e Facebook.

Entrevista

Game Concept Art Brasil: Mike, eu gostaria de agradecer a sua participação no Game Concept Art Brasil e já começar pedindo para que você se apresente e comece contando como você se tornou artista neste mercado?
Mike Azevedo: Primeiro de tudo muito obrigado pelo convite para esta entrevista — é muito bacana compartilhar um pouco do meu trabalho.

Contando um pouco da minha história, eu sempre fui aquela criança que desenhava na escola todos os dias. Conforme eu fui crescendo, minha família foi vendo meu interesse por desenho e me matriculou em um curso bem local na minha cidade quando eu ainda tinha cerca de 7 anos de idade. Era um curso bem básico mesmo, mais com o foco para despertar o real interesse por desenho. Isso foi muito útil, pois me deu aquele prazer de desenhar todos os dias, o que foi crescendo cada vez mais em mim.

Quando eu cheguei no final do Ensino Médio e tive que decidir o que faria da vida profissionalmente eu já sabia bem o que eu queria. Desenhar e pintar eram minhas únicas opções, pois era o que eu amava fazer mesmo. Foi assim que eu me dediquei, comprei uma mesa digitalizadora para desenhar, comecei a pesquisar muito online e descobrindo sites e grupos que abordavam a profissão como um todo. Um deles foi o ConceptArt.org. Na época que eu acessava este site, ele tinha muito mais artistas do que tem hoje, o que era muito bom para o meu aprendizado coletivo. Foi ali que eu comecei a ter um foco mesmo na profissão e um direcionamento no estudo de fundamentos mais sólido.

Mike Azevedo - Dragon - Riot

Dragon | ®Riot – ® Mike Azevedo

GCArt: Em suas palestras e workshops você conta e mostra que produziu muita coisa pessoal antes de iniciar seus trabalhos profissionais. Inclusive você se organizava de forma a se cobrar todos os meses a desenhar cada vez mais e a melhorar cada vez mais os seus estudos. Você acredita que isso foi fundamental para o seu aprendizado e estabilidade profissional?
Mike: Com certeza. Se você não desenhar muito, dificilmente você conseguirá entrar em uma empresa grande no mercado, como uma Riot, por exemplo. Você precisa de muita dedicação e muito estudo para construir um portfólio sólido e de interesse destas empresas.

Quando eu comecei a estudar e acompanhar o ConceptArt.org, eu vi que tinha muita gente que produzia muita coisa, todos os dias. Motivados a estudar, aprender e compartilhar o que estavam produzindo com todos. Foi isso que me motivou também a fazer o mesmo. Para mim, inspiração é muito mais você estar nas condições que te fazem motivado do que simplesmente algo que surge dentro de nós.

Todos os dias eu separava que tipo de estudo que eu iria fazer, com um cronograma certinho e cronometrado. E o que eu fazia era salvar todos estes estudos em pastas e organizá-los por meses, me permitindo visualizar em quantidade mesmo quanto eu conseguia produzir em um mês. Tinha meses que eu produzia 60 estudos, outros chegavam a 30. A regra era que fossem estudos mesmos e não trabalho considerado finalizado. Mesmo porque existe uma diferença entre criar ilustrações para empresas e criar ilustrações para estudo. Estudo é testar coisas novas, experimentar estilos diferentes, explorar, falhar e fazer algo que você realmente não sabe.

“Para mim, inspiração é muito mais você estar nas condições que te fazem motivados do que simplesmente algo que surge de dentro de nós”.

GCArt: Isso que eu ia te perguntar mesmo. O quanto difere um estudo de um trabalho pessoal e, no seu caso, dos trabalhos comerciais que você faz para as empresas de jogos atualmente. Mas voltando um pouco na sua história, você atualmente está com 24 anos, ou seja, é novo para este mercado. Quantos anos você tinha quando começou a produzir profissionalmente?
Mike: Trabalho no geral eu comecei por volta dos 18 anos, isso na época que eu estava trabalhando com estágio, na faculdade. Mas os trabalhos maiores vieram entre os 19 e 20 anos.

GCArt: Muito legal. Quando a gente começa a acompanhar o mercado de arte em geral, existe o mito de que até certa idade você tem chance de entrar neste mercado. E depois disso você é considerado velho e dificilmente não terá área de atuação. Ainda assim temos exemplos de profissionais considerados “sêniores” como Craig Mullins que são referências para muitos artistas. Que mensagem você deixa para quem já é mais velho e que sonha em entrar neste mercado?
Mike: Na verdade o mercado não liga para a sua idade. Pela minha experiência mesmo, ninguém nunca perguntou a minha idade quando eu estou sendo procurado para realizar um trabalho. O importante mesmo é se o seu trabalho é bom mesmo. É um negócio honesto. Não existe indicação, não existe idade. É mais o quão bom é o seu trabalho e o quanto você está dedicado para desenvolver sua carreira nesta área.

Quando você é jovem acaba sendo às vezes mais fácil pelo fato você ter mais tempo mesmo para se dedicar a estudos. Quanto mais maduro você fica, aumentam as responsabilidades. Mas tirando isso, não há uma outra barreira capaz de te impedir a se tornar um profissional neste mercado.

GCArt: Falando um pouco de como você entrou neste mercado, você chegou a se formar em alguma área ligada a arte?
Mike: Eu fiz faculdade de Design de Games na Anhembi Morumbi (em São Paulo), terminando o curso em 2013. Eu acho que me ajudou, mas não de forma direta. É muito difícil você encontrar em uma universidade um curso focado para artistas nesta área. Então eu tive que estudar por conta, paralelamente a faculdade. O curso me formou de forma mais ampla e geral e não de forma específica e direcionada.

GCArt: Mas cursos livres específicos de arte você não chegou a fazer?
Mike: Não. Muito porque os cursos, principalmente online, começaram pra valer faz pouco tempo. Nesta época não existia nada parecido, então eu só conseguia estudar por conta mesmo. Isso pode soar meio estranho, quando eu digo que estudei por conta própria, mas na verdade eu tive a ajuda de muita gente neste processo. Eu tive muita ajuda online, muito feedback de caras que eu acompanhava online e que me ajudavam a visualizar cada processo que eu precisava melhorar no meu trabalho. Ou seja, eu não posso dizer que eu aprendi tudo sozinho, pois contei com a ajuda da internet e de muitos outros artistas.

Mike Azevedo - Joseph Ancient Dragon

Joseph Ancient Dragon | ® Mike Azevedo

GCArt: Pois é, na verdade este acaba sendo o trabalho de um professor de arte. Ele precisa passar os fundamentos mas também é alguém capaz de passar uma visão madura e honesta do seu trabalho, sem aquele filtro da família que está sempre elogiando tudo que você faz. Aliás, você também é professor de pintura digital atualmente, na ICS em São Paulo. Como isso aconteceu e como você se sente dando aula?

Mike: É muito bacana. No começo, algumas escolas haviam me convidado para dar aula, mas eu escolhi a ICS porque com eles eu pude criar o meu curso do zero, sem depender de uma metodologia da escola ou apostilas anteriores. E isso é muito bom porque te faz entender aquilo que você está ensinando de um jeito muito mais amplo e honesto. Uma coisa é você ter que lembrar de um método ou fundamento. Outra coisa é você explicar isso para alguém ao mesmo tempo que demonstra como esta pessoa pode aplicar isso em seus próprios trabalhos. Ou seja, é um nível de compreensão que demandou muito mais de mim, o que foi ótimo.

Poder ver outras pessoas melhorando com alguma dica que eu dei é uma das felicidades maiores que eu poderia ter. É muito bom ver artistas melhorando e se formando por conta de suas próprias dedicações em sala de aula!

“Poder ver outras pessoas melhorando com alguma dica que eu dei é uma das felicidades maiores que eu poderia ter”.

GCArt: Uma coisa que eu percebo também no seu trabalho e dedicação é justamente esta importância em estar perto e compartilhando o seu conhecimento com um grupo de pessoas (seja online ou ao vivo). O que mostra que este mercado não é formado por profissionais que estão competindo entre si, mas que estão ali juntos, para um crescimento coletivo mesmo.
Mike: Com certeza. Principalmente em um mercado que ainda está dando passos de bebês é muito importante estarmos próximos uns dos outros. Esta é a melhor forma de melhorarmos este mercado, ajudando os outros, trabalhando juntos mesmo. Aliás esta é uma coisa boa do nosso mercado atualmente. As pessoas que eu conheci não se vêm como competidores e sim são humildes a ponto de realmente compartilharem seu conhecimento com os outros.

Mike Azevedo - Feral Warwick - Riot

Feral Warwick | ®Riot – ® Mike Azevedo

GCArt: Isso prova de que os profissionais já consolidados no mercado são pessoas comuns como todos que estão tentando entrar nesta área e não seres endeusados que são inalcançáveis.
Mike: Verdade. Todo mundo sente um pouco isso quando olha para artistas como Craig Mullins e imagina que ele é um semideus que desce na Terra e não pisa e sim flutua de tão incrível que é, quando na verdade ele é igual a todo mundo. Eu tive a chance de conhecê-lo pessoalmente no evento THU e posso afirmar, ele é humano igual todos nós (risos).

GCArt: (risos). Aproveitando que você citou o THU (Trojan Horse Was a Unicorn), você participou de duas edições do evento, certo? Como foi isso?
Mike: Isso mesmo, eu participei em 2015 e 2016. O THU é justamente aquilo que falamos agora pouco. É o tipo de evento ótimo para trazer os artistas para o lado humano mesmo e desconstruir esta imagem de semideus que muitos carregam. Isso porque é muito difícil você encontrar outro artista no seu dia a dia. Estar em um evento rodeado por profissionais com o mesmo objetivo e trabalho, que fazem o mesmo que você todos os dias, de países completamente diferente e que passam pelas mesmas dificuldades que você passa é o que faz de um evento como esse algo especial. Eu vi, por exemplo, artistas de muitos outros países reclamando das mesmas coisas que nós brasileiros reclamamos (como falta de apoio local e mercado limitado) e achamos que é exclusividade nossa. Ou seja, é em um THU, por exemplo, que você percebe que todos estamos no mesmo barco, enfrentando os mesmos desafios profissionais.

GCArt: Muito legal mesmo. Agora falando um pouco da sua formação em Design de Jogos. Você tinha a intensão inicial de trabalhar dentro de um estúdio de jogos, morar fora ou algo muito específico? Ou isso nunca ficou muito claro?
Mike: No começo eu não tinha nada definido mesmo. Eu só queria trabalhar de alguma forma. O que aconteceu é que uma coisa foi levando a outra ao longo da minha formação mesmo. Por exemplo, ainda na época da faculdade, a Riot começou a divulgar aquelas artes spotlight do League of Legends, mostrando o processo das ilustrações do jogo. Foi assim que eu fui criando interesse em trabalhar com esta área, especificamente, por exemplo.

Eu sempre gostei muito de DOTA e sempre tive aquele sonho de trabalhar com a Blizzard, porque eu também jogava bastante o Warcraft. Mas paralelamente a isso, começaram a surgir oportunidades com empresas daqui do Brasil que foram muito melhores do que eu esperava. Principalmente pela coragem que as pessoas daqui têm de fazer algo diferente. E conforme o tempo e os projetos foram passando o meu plano foi se estabelecendo. No começo eu não queria procurar trabalho. Eu queria melhorar o meu conhecimento e portfólio para que as empresas tivessem interesse no meu trabalho. E no fim deu certo! As empresas foram me achando e se interessando pelo meu trabalho. Eu realmente não imaginava que iria trabalhar com estas empresas algum dia. Ainda hoje eu não acredito muito! (risos)

GCArt: Você acha que por conta disso você se cobra muito mais? Ou seja, voltando no que falamos no começo da entrevista, produzir para você mesmo é uma coisa e produzir para um cliente (seja ele qual for) é algo completamente diferente. No caso da Riot, por exemplo, eles são uma das principais empresas do mercado hoje, possuem um único jogo (que é um dos mais famosos do mercado). Como é trabalhar com eles e lidar com toda essa pressão e lidar com o trabalho a distância?
Mike: Olha, é bastante pressão sim, mas eu acredito que eu lido bem com tudo. Eu não tenho tantas crises neste sentido, mas eu sempre começo uma imagem sempre me esforçando para fazer algo melhor sem ser no automático, sabe. E essa mentalidade eu acredito que eu sempre tive, mesmo quando eu estava estudando. Eu sempre busquei fazer o meu melhor sempre, não me importando com o cliente ou o projeto.

Mike Azevedo - Enchanted Galio - Riot

Enchanted Galio | ®Riot – ® Mike Azevedo

GCArt: Durante o seu MasterClass sobre Pintura Digital que você realizou na escola REvolution em Curitiba neste ano, uma coisa que me chamou a atenção foi quando você explicou sobre o tempo que você leva para produzir uma única ilustração de alguma empresa. Você disse que, no caso da Riot, geralmente você leva cerca de um mês para produzir uma única arte. Como é isso?
Mike: É isso mesmo. No final eu já não consigo praticamente ver erro e o que pode ser melhorado — para mim o final de uma ilustração é bem mais difícil que o começo, aliás. Mas assim, não é que no primeiro dia eu começo a fazer o desenho da imagem e sigo detalhando ela até o final após um mês. Na verdade, durante a primeira semana de trabalho o que eu faço é apenas explorar a composição e como ela ficará melhor apresentada, estudando thumbnails e opções diferentes para destacar aquilo que realmente precisa no personagem.

Durante a segunda semana o trabalho é de definir a linha, depois cores, luz e, aí sim, eu começo a etapa de detalhes, que dura entre uma semana e meia no máximo duas. Ou seja, é um trabalho até que mais dinâmico do que parece!

GCArt: Muito legal mesmo saber isso. E falando um pouco dos seus trabalhos para o Brasil, uma das empresas para qual você produziu trabalhou foi a Swordtales e jogo Toren. Como foi fazer este trabalho?
Mike: Nossa, foi muito legal. Quando eles me chamaram eu já vi que seria algo muito bacana de ser feito. Eles tinham a personagem definida, mas ao mesmo tempo eu tive uma liberdade para explorar coisas novas também e aplicar o meu próprio estilo na imagem. Poder conversar em português com o Diretor de Arte e entender as ideias que eles queriam para o jogo de uma forma bem ampla foi ótimo também.

Isso muitas vezes é diferente quando estamos trabalhando com empresas fora do Brasil. Em alguns casos a impressão é que estamos trabalhando para enviar o material para o além, sem saber quem receberá o trabalho. Ou seja, você se sente de certa forma distante do projeto final. Isso não acontece, por exemplo, com a Riot, que apesar de ser gringa, ela é bem brasileira neste sentido de contato e relacionamento.

GCArt: Como é o seu dia a dia de trabalho hoje?
Mike: Um dia médio de rotina meu começa geralmente às 7 horas da manhã. Eu acordo, tomo um café e já começo a trabalhar por volta das 8:00. Eu gosto muito de trabalhar durante a manhã, pois eu me concentro muito bem neste período. Meus primeiros minutos de trabalho são de “warm up” mesmo para tentar fazer algo sem ser o desenho final em si, ou seja, eu aproveito para fazer sketches de linha, estudos, esboços, ler alguns livros etc.

Logo em seguida eu começo o trabalho pra valer. Hoje em dia como eu estou trabalhando direto com a Riot eu começo o trabalho deles por volta das 8:30 e sigo até umas 17:30 100% dedicado para eles. O dia varia nesta parte do trabalho baseado na etapa na qual eu estou do projeto mesmo. Em seguida, eu continuo trabalhando mas em projetos para outras empresas, projetos pessoais ou as aulas que eu dou, que acontecem 2 vezes por semana durante 3 horas cada aula. Eu termino mesmo por volta das 22h, quando aí sim eu aproveito para responder os emails que acumularam.

Uma outra coisa que é bem comum no meu dia a dia é praticar exercícios. Eu faço pilates três vezes por semana e é sensacional. É bem importante ter uma pausa fisicamente do trabalho, sabe — tanto para sua mente quanto para o corpo mesmo.

GCArt: Realmente. E eu diria que trabalhar com o que gosta já é muito bom, mas trabalhar com a criatividade ainda é como colocar o próprio hobby na sua profissão. E aí a parte de descanso da mente acaba se perdendo um pouco, uma vez que o seu hobby é sua profissão.
Mike: Com certeza. Eu vou te dizer que pelo menos uns 80% do que eu faço tem relação com desenho. Mas eu sempre tento aproveitar estes 20% para fazer algo que não tem nada haver com desenho, como sair com a minha namorada ou até mesmo conversar com alguém que nem sabe o que é desenho.

Mike Azevedo - Magnus (Dota)

Magnus (Dota) | ® Mike Azevedo

GCArt: Eu sei que citar todos os artistas que te influenciam é algo quase impossível. Mas se você tivesse que mostrar o DNA do seu estilo mostrando um pouquinho de alguns artistas que te inspiram de alguma forma, quem você citaria?
Mike: Olha, tem o Sergey Kolesov, um artista russo atual que eu curto muito. Tem o Joseph Christian Leyendecker, que já é antigo e eu adoro o trabalho. Tem o John Singer Sargent e o Craig Mullins, que dispensam comentários. Tem o Henryk Siemiradzki, um artista polonês antigo incrível; Gosto do trabalho da Laurel Austin da Blizzard, do Moby Francke da Riot… nossa, realmente tem muitos.

GCArt: E qual é o grande desafio da carreira, seja para quem quer ser ilustrador de entretenimento em geral ou para quem busca focar na indústria de jogos?
Mike: Acho que o maior desafio mesmo é você sair da zona de conforto sempre. É muito atraente você desenhar do mesmo jeito que você já desenhou ontem. Então você buscar sempre algo novo é o que te difere de outros artistas que acabam se repetindo. Isso além de você começar a curtir o processo mesmo, porque muitas vezes quando a gente está começando na indústria, temos a percepção de que sempre temos que ter uma imagem boa, e isso atrapalha bastante. Você fica com aquela impressão de que desde o começo a sua imagem tem que ficar boa e acaba esquecendo de partes importantes do desenho. Por exemplo, se eu tentar deixar as ilustrações que eu faço para o League of Legends ótimas logo no começo, eles eventualmente me pedirão para alterar a posição de um braço, ângulo etc. Ou seja, eu terei um retrabalho imenso. É muito difícil você ignorar a imagem boa em prol de fazer uma imagem certa primeiro e só depois pensar nos detalhes.

GCArt: Esta deve ser uma forma de você otimizar o seu tempo no processo de ilustração, certo?
Mike: Com certeza.

GCArt: E que dicas você dá para quem ainda está estudando ou está vindo de outra área profissional?
Mike: Eu diria que o importante é estudar muito, todos os dias, sair da zona de conforto, mas ao mesmo tempo estar confiante naquilo que está produzindo. Outra dica é colocar o que você produz online, ser legal com as pessoas também é importante. Não seja uma pessoa ruim, pois os outros irão lembrar. Esta é uma indústria pequena, apesar de parecer o contrário. Ajude outras pessoas como você puder e se divirta muito com isso.

Ter a oportunidade de trabalhar desenhando para jogos ao invés de ter que trabalhar com algo que é essencial para a humanidade, porque já tem outras pessoas fazendo isso, é incrível. Por isso tem que se dedicar em fazer algo especial mesmo.

GCArt: Qual é o seu próximo passo profissional? Você se sente preparado para trabalhar internamente em uma empresa? Já rolou convite, aliás, ou você acha que continuar como freelancer ainda é a melhor opção no momento?
Mike: Eu já tive alguns convites para trabalhar em empresas, principalmente de outros países. Mas no futuro próximo eu não estou pensando muito nisso não. Eu quero continuar a trabalhar como freelancer, com as mesmas coisas que eu faço hoje, mas com ainda mais dedicação. Isso parece com o discurso que eu disse quando estava apenas estudando ainda, mas é a verdade. Eu ainda quero melhorar e fazer coisas ainda mais interessantes, principalmente no Brasil mesmo. Por isso que eu também gosto de dar aula, workshops e coisas que possam reunir artistas daqui do Brasil mesmo.

GCArt: Muito legal, Mike. Muito obrigado novamente pelo seu tempo e oportunidade de conhecermos mais a sua trajetória profissional. É muito legal poder compartilhar a história de mais um brasileiro que deu certo nesta indústria.
Mike: Muito obrigado também pela entrevista. Foi muito legal poder compartilhar tudo isso por aqui!

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